Pânico em 10 estrofes

by - outubro 04, 2022

 

Na garganta, o coração 
e, na alma, um turbilhão. 
Pulsação acelerada, oxigênio no final.
O que será, afinal?

Pânico de viver,
De poder morrer.
Será que terei outra chance,
De ter, com a morte, uma revanche?

Outra chance me foi concedida,
mas a humanidade arrependida,
de a vida não aproveitar
e a finitude realmente chegar.

Mesmo sabendo da minha imortalidade,
a atitude ainda é covarde,
e o tempo a passar
até a próxima crise chegar.

E que chegue logo,
pois assim melhoro,
para, em seguida,
acreditar que vale a pena a vida!

Que a pena com que escrevo,
me salve do desespero
da inspiração se ir embora
e afastar o meu desejo de melhora.

Pílulas, terapia 
não são utopia.
Mas apontam o caminho possível 
que a arte alinhava de forma invisível. 

Não é visível, palpável, racional, 
mas a minha dor é real
porque eu assisto
e, sobre ela, não minto.

Pânico de deixar de ser,
de mal viver.
Pânico de sentir
e de não mais voltar a sorrir.

E, na décima estrofe,
entrego a sorte
de continuar
entre a arte e o findar!



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